Assis está na encosta do Monte Subásio.

Não seria difícil descrever Assis arquitetonicamente, ou em termos de localização, ou em termos de visitantes. O que é difícil descrever é a alma de Assis. Essa alma, acredito, é São Francisco. Talvez se possa dizer que essa cidade foi criada 900 anos antes de Cristo para que um dia esse grande santo nascesse nela.

Grande santo.

Um de seus primeiros companheiros teve uma visão de uma cruz enorme, cujo topo tocava o Céu e os braços se estendiam horizontalmente até os confins do universo. O pé da cruz estava apoiado… na boca de São Francisco. Ele entendeu que a influência de São Francisco se espalharia por todo o mundo.

Basta olhar os visitantes que percorrem as ruas de Assis, que estão nas igrejas, que estão junto ao seu túmulo, para entender: pessoas do mundo todo vêm aqui rezar, pedir, fazer uma peregrinação. Do mundo todo.

O crucifixo que falou com São Francisco.
Hoje na Basílica de Santa Clara.
Estivemos ali. É muito grande e muito sagrado.

E foi o próprio Cristo quem disse: “Vai, Francisco, e repara minha igreja, que, como vês, está em ruína.” Cristo pediu a ele que reparasse sua Igreja!

Renovou o ensinamento evangélico da pobreza e da confiança total em Deus. Do sacrifício de tudo por Deus. Mostrou que a criação deve ser vista como obra de Deus. Foi o primeiro a ter os estigmas de Cristo.

É conhecido como “alter Christus”, o outro Cristo.

São Francisco recebe os estigmas, na pintura de Giotto,
segundo a experiência mística que o santo teve.

Chegamos a Assis na Basílica di Santa Maria degli Angeli, dentro da qual está a igrejinha da Porziuncula.

A Porziuncola hoje está dentro de uma igreja muito maior.
Vista do interior.

“O local, de acordo com os antigos habitantes, era chamado, por outro nome, de Santa Maria dos Anjos. O Pai [São Francisco] disse que sabia, por revelação divina, que a Santíssima Virgem, de todas as igrejas erigidas em sua honra, amava aquela com especial predileção; e por isso o Santo a preferia a todas as outras.” [Tomás de Celano.]

“A Porciúncula se tornou um lugar especial para Francisco, onde ele frequentemente parava para rezar; aqui ele entendeu que deveria viver ‘”‘de acordo com o Santo Evangelho’. Foi da Porciúncula que Francisco enviou os primeiros frades para anunciar a paz.”

“Em 1205, ele escolheu esse lugar, então entre os bosques, como sua casa e fundou a Ordem Franciscana ali. Em 2 de agosto de 1216, na presença de sete bispos da Úmbria, o pequeno edifício foi consagrado e o chamado Perdão de Assis foi proclamado.”

“O Perdão de Assis é uma indulgência plenária que, na Igreja Católica, pode ser obtida por seus fiéis do meio-dia de 1º de agosto à meia-noite de 2 de agosto de cada ano. Essa indulgência foi concedida em 1216 pelo Papa Honório III a todos os fiéis, a pedido de São Francisco de Assis.”

“De acordo com o relato tradicional, em uma noite de julho de 1216, enquanto São Francisco de Assis rezava na igreja da Porciúncula, ele teve uma visão de Jesus e Nossa Senhora cercados por uma hoste de anjos. Perguntaram-lhe que graça ele desejava, tendo orado tanto pelos pecadores. Francisco respondeu pedindo que o perdão completo de todos os pecados fosse concedido àqueles que, tendo se confessado e se arrependido, visitassem a igreja. O pedido, por intercessão de Nossa Senhora, foi concedido com a condição de que ele se dirigisse ao papa, como vigário de Cristo na Terra, para solicitar a instituição de tal indulgência.”

Perto da Porciúncula, no local onde hoje se encontra a Capela do Trânsito, São Francisco morreu na noite de 3 de outubro de 1226.

Eremo delle Carceri

Depois fomos ao Eremo delle Carceri, o Eremitério dos Cárceres, que tem esse nome porque as celas eram tão pequenas.

“O eremitério é o local onde São Francisco de Assis e seus seguidores costumavam se retirar para rezar e meditar. Situado a 4 quilômetros de Assis, a uma altitude de 791 metros nas encostas do Monte Subásio, o eremitério fica próximo a algumas cavernas naturais, frequentadas por eremitas já no início da era cristã.”

Leito na pedra dura onde São Francisco dormia.
Capela em que ele rezava, logo depois do leito.

Pudemos ficar sozinhos uns 10 minutos, talvez, na capela, ao lado do leito de São Francisco. Ficamos em silêncio, orando.

Depois fomos para a cidade.

A cidade é linda, quase que inteiramente medieval.

Há uma bênção especial nela, está muito claro.

Túmulo de São Francisco de Assis.

Fomos ao túmulo do santo, em sua basílica, e à basílica de Santa Clara. Andamos pela cidade, com tantas passagens estreitas, subindo ou descendo, tantos pórticos lindos, tantas janelas antiquíssimas.

A cidade antiga é muito grande e muito, muito bonita.

Igreja de São Damiano.

Por fim, fomos à Igreja de San Damiano. Foi ali que o crucifixo falou com São Francisco. Foi ali que ele compôs o Cântico das Criaturas.

“Entre 1211 e 1212, seguindo uma profecia de São Francisco, Santa Clara fundou uma ordem de freiras de clausura que residiram ali até 1260. A própria igreja, de acordo com a historiografia católica, foi a protagonista dos principais milagres da santa: a multiplicação dos pães, a dádiva do óleo, a fuga dos sarracenos do claustro, vários exorcismos e curas e a aparição da cruz no pão diante do papa.”

O claustro.
A capela, com uma cópia da Cruz de São Damiano.
Naquele canto, Santa Clara morreu.

Carta de Santa Clara.

A Oração Simples.
São Francisco, por Cimabue.

Penso que os olhos do santo, na pintura acima, expressam algo de especial.

Ficamos pouco mais de 24 horas em Assis, mas foi uma visita maravilhosa.

Obrigado, São Francisco!


[Com a ajuda de alguns textos da Wikipédia, entre aspas. E a maior parte das fotos é da Wikipédia, também.]